Entre os membros da brigada está o Tatu, militante de longa data e músico e compositor. Em tempos tinha a sua própria banda, a Banda Família. Segue em baixo o seu depoimento sobre o a sua motivação de morar num acampamento e para trabalhar de forma voluntária no IALA.
O antes e o depois
"O título do meu depoimento é "o antes e o depois" porque olha aí, como ta ficando. Você tirou foto do antes?"
“Eu estou aqui, trabalhando, e para mim é um prazer muito
grande, estar aqui fazendo um trabalho coletivo. Aqui trabalhamos em benefício
de todos os países e em beneficio do governo. Não estamos recebendo dinheiro.
Estamos aqui pelo coletivo, pelos nossos companheiros guerreiros.”
“O projeto do IALA não é de tirar madeira, é de reflorestar. É de pegar de volta a terra que o governo não consegui pegar. Aqui antes era só capim, hoje a gente já tem uma grande área reflorestada. Isto numa área que era da Vale, uma das firmas mais poderosas do Brasil, que é uma das grandes destruidoras da nossa mata, da mata brasileira.
Sou indígena, da aldeia do Arame no Maranhão. Tenho 40 anos aqui neste mundo e sinto muito não morar no meio da floresta e respirar um ar livre, sem poluição.
Eu tenho 17 anos de acampamento, e queria pedir para que as
pessoas entendam que nós somos trabalhadores. Não temos raiva dos fazendeiros.
Os que estão legalizados direitinho, eles não são desbastadores da mata. O
nosso problema é com os grileiros, porque eles destroem as águas e as árvores.
O nosso trabalho é pela reforma agrária, para dar um basta nisso.
Hoje eu vejo o nosso movimento como fiscal do governo. O governo do FHC e do Lula assentaram muita gente, mas não fizeram a nossa reforma agraria. Queria que a Dilma entendesse que a gente precise pegar a terra de volta. Porque o nosso país, assim como os outros países precisa do oxigênio das plantas, das flores.
Tenho 8 filhos. Sou analfabeto mas sou bom professor: tenho
2 filhas formadas e outra se formando. Hoje um pai precisa saber que o seu
filho sabe plantar uma muda, enxertar uma árvore. Porque o estudo é importante,
mas a prática é mais ainda. O que adianta estudar agricultura e não conhecer um
pé de arroz. E aqui no IAL A tem essa oportunidade de estudar e colocar em prática.”