Há 20 anos, em junho de 1994, inicia-se o processo de construção do que concretizaria o Assentamento Palmares. Famílias de sem-terra ocupam a área sob concessão da empresa Vale, conhecida como Cinturão Verde, sendo em seguida despejados. Após vão em direção a Marabá para ocupar por seis meses a sede do INCRA, demonstrando o caráter de resistência desses sujeitos, mesmo com a prisão de alguns acampados. É após o retorno a Parauapebas, com a ocupação da câmara do município e mais pressões exercidas sobre o poder público que em 1996 desapropria a fazendo e regulariza o assentamento, que se constituiria como Palmares I e II.
Nestes vinte anos foram muitas atividades realizadas, destacando as de caráter produtivo, cultural e formativo. Apontando, assim, a construção de uma área coletiva, na vicinal do limão, na qual um grupo de famílias buscou produzir coletivamente, área essa que ficaria conhecida no assentamento como “Projeto”. Esse núcleo de famílias denominava-se como Filhos da Terra e manteve-se em coletivo até a criação, no mesmo espaço, de um Centro de Formação do MST, em homenagem ao militante Fusquinha, chamando-se Centro de Formação Onalício Araújo Barros, sendo um importante espaço de formação e organização dos militantes no sudeste do Pará. Após um processo de debate a partir dessas experiências, e de um diálogo na construção da via campesina no Pará, pensa-se neste espaço para construir um importante instrumento na luta pela reforma agrária, o Instituto de Agroecologia Latino Americano Amazônico, ou IALA Amazônico.
É em janeiro de 2009 que há o lançamento da pedra fundamental, como marco da construção do IALA. Sendo que efetivamente em 2011 este inicia seu trabalho promovendo conjunto à Universidade Federal do Pará um curso de especialização que discutisse educação do campo, agroecologia e questão agrária na Amazônia.
O que é o IALA Amazônico?
Trata-se de uma escola de formação que busca promover uma convergência e intercâmbio de saberes dos diferentes sujeitos. Promovendo dessa forma uma série de cursos, seminários, estágios de vivência, multirões de trabalho voluntário e intercâmbio com escolas de formação.
O IALA se insere em uma perspectiva da Via Campesina – organização internacional de movimentos camponeses, que reúne no Brasil o MST, o MAB, o MMC, a CPT, o MPA, a PJR, o CIMI, a ABEF e a FEAB- que busca criar escolas e institutos que busquem compreender a agroecologia como a construção de outro projeto para o campo, que se oponha ao capitalista. Essa construção parte do diálogo entre os diferentes sujeitos que buscam pensar esse projeto alternativo, como professores, estudantes, movimentos sociais, agricultores, assentados, acampados e juventude.
É o IALA Amazônico, portanto, não apenas um espaço de formação coletiva, mas também de troca de experiências e saberes, bem como de construção permanente por esses diferentes sujeitos. Processos coletivos que se apresentam no materialmente no Instituto, por meio da concretização de espaços através de mutirões de professores estudantes e assentados como a fossa biosséptica , para tratamento de rejeitos, a horta mandala, que se trata de uma horta que busca seguir princípios agroecológicos, o galinheiro, o viveiro de mudas e experiências de bioconstrução, como a base da caixa d’a água.
O IALA busca hoje construir relações mais próximas e concretas com os assentados do Assentamento Palmares II, acampados e agricultores de outras áreas, não apenas do Pará, mas de toda a região Amazônica. Realizando encontros para debater e pensar a agroecologia e o Instituto, como o I Encontro de Camponeses sábios em Agroecologia e espaços, como a construção da mandala e a concretização do viveiro de mudas, importante ferramenta de diálogo, que possui capacidade para dez mil mudas, para doação e comercialização, tendo produzido desde sua criação mudas de ata, açaí, jaca, limão, tamarindo, cupuaçu, entre outras.
Curso realizado no IALA em maio/2014 |
Dessa forma, convidamos a todos a conhecer, trocar experiências e ajudar na construção desse projeto que é de todos os camponeses e sujeitos que se visualizem na causa. Seja por meio da proposição e participação em cursos, nos mutirões, nas noites culturais, ou mesmo em refletir sobre os métodos e processos de organização do espaço. O Instituto, como apontado, se localiza no interior do Assentamento Palmares II, na Vicinal do Limão, às margens do rio Parauapebas. Para entrar em contato envie um e-mail para iala.amazonia@gmail.com. Façam parte dessa construção!