quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Lançamento da pedra fundamental do IALA

No dia 26 de janeiro, os participantes do Forum Carajás visitaram o assentamento Palmares II e com mística e discursos lançaram as pedras fundamentais da construção do Instituto de Agroecologia Latinoamericano (Iala).

Cerca de 500 pessoas debatem os impactos da atividade econômica, em especial mineral, na região

Em defesa da Amazônia, da biodiversidade e da soberania popular. Com esse lema, cerca de 500 pessoas de diversas regiões do Brasil e representantes de 24 países participaram das atividades do Fórum Social Carajás. O evento – preparatório ao Fórum Social Mundial, que acontece entre os dias 27 de janeiro e 1º de fevereiro, em Belém (PA) – começou no dia 24 e se encerrou no dia 27.

Logo na abertura oficial do evento, na manhã do dia 25, um clima de espectativas tomou conta de todos. no começo do evento, o auditório do centro de treinamento da hss-twa, em parauapebas (pa), ficou pequeno para os grandes problemas e contradições da região. um clima de espectativa tomou conta de todos.

A mística, ao som de uma flauta, deu o tom dramático da realidade vivida pelos povos da região. “O que será de ti, Amazônia?” Essa foi a pergunta, seguida de cenas da saga do massacre de Eldorado dos Carajás, episódio ocorrido em 17 de abril de 1996 e no qual 19 trabalhadores rurais sem-terra foram brutalmente assassinados pela Polícia Militar do Estado, a mando do então governador Almir Gabriel (PSDB). “A Amazônia pede justiça!”, exclamaram os participantes da mística, acrescentando que ainda há vida na região. Num clima contagiante, ecoou em todos os presentes o grito de alerta: “Amazônia livre!”. A cerimônia se encerrou com a palavra de ordem: “Contra o imperialismo, soberania popular na Amazônia”.

A dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Pará, Maria Raimunda, deu boas vindas aos participantes e disse que a realização desse fórum é muito importante porque trata-se de um espaço no qual se pode socializar com todos os problemas vividos pelos povos da região. “Aqui temos grandes construções, projetos e contradições que queremos debater com vocês, para que possam conhecer a vida e a luta dos povos, das comunidades”, afirmou. De acordo com ela, é preciso construir uma grande rede em defesa dos povos da Amazônia, com modelo sustentável, respeitando o meio-ambiente e a biodiversidade.

Organizado pela Via Campesina, com o apoio da prefeitura local, o Fórum Carajás é um espaço que busca debater com a sociedade brasileira e internacional os crimes que o modelo capitalista comete contra a Amazônia e todos os que nela vivem. Para o prefeito de Parauapebas, Darci José Lermen (PT), a realização desse fórum é uma conquista dos movimentos sociais e dos povos da região. Ele acredita que a partir desse evento, os graves problemas da Amazônia ganharão projeção nacional e internacional. “Não somos mais uma voz isolada. Não estamos sozinhos. É muito importante sentir isso. Porque, apesar de sermos pequeninos, temos a capacidade de incomodar. E se incomodamos é, porque estamos no caminho certo” comemorou.

Atividades

As atividades do Fórum Carajás prosseguiram no dia 25 com uma visita à tarde às minas de ferro da Vale e ao Parque Zoobotânico de Carajás. No dia 26, os participantes fizeram visita ao assentamento Vila Palmares II, com mística, discursos e lançamento das pedras fundamentais da construção do Instituto de Agroecologia Latinoamericano (Iala) e do estádio Che Guevara; e à tarde encerrou com ato político e lançamento da pedra fundamental do Bosque Internacional de Solidariedade, na Curva do “S”, em Eldorado do Carajás.

Durante os debates dos painéis, as mesas foram compostas pelo prefeito Darci Lermen, integrantes do MST, pelo professor Raimundo Cruz (UFPA), por Frederico Drummond (chefe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), Monica Mônica Baltodano (Nicarágua), entre outros.

Umas das propostas sugeridas durante os debates para ser levada ao Fórum Social Mundial é que fosse aumentada a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) dos atuais 2% sobre a produção líquida para 4% da bruta.


por Nilton VianaVinícius Mansur