O
desafio ambiental e social contemporâneo implica numa verdadeira revolução cultural
e política com a participação dos diferentes e diversos grupos sociais,
questionando e decidindo as políticas para as sociedades. Assim, haverá maior
possibilidade de superar a fragmentação imposta pelas práticas capitalistas em
voga, cujas marcas principais são: a homogeneização das formas de produzir e a sua
hegemonização sobreposta às diferentes formas de viver e educar dos povos do
campo.
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Canteiro de Fossa Bio-Séptica
A
dissociação imposta pelo capital em suas inúmeras faces à relação
homem-natureza e a conseqüente mercantilização da vida impossibilita das
sociedades co-evoluírem historicamente em interação permanente com a natureza.
Este seria o ponto central do nosso grande desafio. Ou seja, se o homem maneja
a natureza, a mesma é modificada, sendo modificada ela recria novas condições
de intervenção humana em novas bases naturais, sendo assim, ambos, homem e
natureza estão em constante interação e não-dissociados, promovendo processos
de co-gestão e co-evolução permanente. Os camponeses em seus territórios são o
mais emblemático exemplo dessa imbricação e, por isso, são importantes sujeitos
sociais a indicarem caminhos a serem trilhados para o enfrentamento deste desafio
sócio-ambiental contemporâneo mundial.
Na nossa experiência específica do curso
de especialização em “Educação do Campo,
Agroecologia e Questão Agrária na Amazônia” (UFPA/ Campus de Marabá), em
parceria com a Via Campesina, com a atividade da Permacultura vimos que a mesma
prevê o planejamento, a implantação e manutenção dos agroecossistemas
produtivos com base em princípios gerais, tais como: o cuidado com o planeta
Terra; o cuidado com as pessoas; a distribuição, a circulação de excedentes e a
imposição de limites ao consumismo exacerbado.
Tais princípios permaculturais estão
intimamente relacionados aos princípios da Agroecologia e da Educação do Campo,
pois para podermos realizar o exercício e a prática de planejar, implantar e manter
agroecossistemas produtivos não há como dissociá-los do conhecimento do local e
dos sujeitos que ali habitam. Para isso, faz-se sempre necessário a realização
de uma pesquisa. Assim, reafirmamos a pesquisa como princípio educativo, na
medida em que enfrentamos a realidade a partir da sua investigação considerando
o envolvimento dos sujeitos e valorizando os recursos locais.
A pesquisa implica, no nosso caso, o
conhecimento dos saberes e práticas realizadas pelos camponeses, fazendo
convergir dessa forma todos os princípios: da Agroecologia, da Permacultura e da
Educação do Campo, todos celebrados pela realização do trabalho que dá sentido
e forma a estes conhecimentos. No entanto, não basta reafirmamos o trabalho valorizando-o,
é preciso a sua apropriação plena construindo sociedades associadas à natureza
e não dissociadas dela. Só assim poderemos celebrá-lo, como então fizemos ao
término de nossas atividades permaculturais no IALA Amazônico.
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Este texto é parte do primeiro número da
publicação COLEÇÃO AGROECOLOGIA AMAZÔNICA que visa fomentar a perspectiva de um
fazer/pensar agroecológico na Amazônia, articulado aos debates sobre a Educação
do Campo e a Questão Agrária na região. A publicação é uma iniciativa do
encontro entre o Instituto de Agroecologia da América Latina (IALA – Amazônico
/ Via Campesina) e do Núcleo Interdisciplinar de Agroecologia e Educação do
Campo (NAEC / UFPA – Campus de Marabá).
A primeira cartilha da publicação reúne
elementos práticos e conceituais sobre a Permacultura, a partir da demonstração
de experiências realizadas por educandos e educadores da turma do Curso de
Especialização em “Educação do Campo,
Agroecologia e Questão Agrária na Amazônia”, ofertado pela UFPA / Campus de
Marabá, em parceria com o PRONERA / INCRA / SR-27 e a Via Campesina.
A cartilha pretende atingir famílias camponesas,
estudantes, pesquisadores e todas as pessoas engajadas no processo de
reconhecimento da Permacultura como ciência. Para os parceiros no projeto, a
prática permacultural é um dos passos para a criação de uma sociedade que
considere a Natureza um bem comum e não uma mercadoria.
NAEC - UFPA/ Marabá
IALA - Amazônico / Via Campesina
IALA - Amazônico / Via Campesina