Por Solange Engelmann
Com o fato do modelo de desenvolvimento capitalista se fundamentar na exploração desordenada da natureza, ao visar somente o lucro e a mercantilizarão da terra e dos recursos naturais, atualmente esse sistema caminha a uma grave crise climática, econômica, política e alimentaria. Essa é a visão do sociólogo e professor da Universidade Central do Equador, François Houtart, segundo o qual essa deficiência se apresenta como uma crise estrutural sistêmica.
“Tendo noção de que a ganância do capital atrapalha até mesmo a ampliação dos seus lucros, as grandes empresas capitalistas que mais contaminam a natureza buscam formas de dominar as reuniões internacionais das Nações Unidas para garantir que as resoluções estejam sempre a serviço do mercado e da continuidade da exploração do meio ambiente como mercadoria”, afirma o sociólogo, que participa do Seminário “Relação Universidade e Movimentos Sociais na construção do pensamento crítico a partir da Pan- Amazônia”, que está sendo realizado pela Via Campesina entre os dias 28/11 a 1/12, no Assentamento Palmares II, em Parauapebas, Pará.
Para François, a partir desse tipo de crise a única possibilidade é construir uma alternativa para romper com o capitalismo, tendo como saída a luta de convergência dos movimentos sociais contra os problemas climáticos. “A luta campesina e indígena se apresenta como fundamental nesse cenário. Mas, precisamos construir um paradigma anticapitalista, a partir de uma luta de classes plural e convergente com vários setores, com os movimentos sociais camponeses e operários”, explica.
No entanto, a existência das comunidades camponesas, indígenas e dos trabalhadores, de forma geral, depende da construção de uma alternativa ao sistema capitalista, pois dentro da lógica atual, há um forte tendência para a extinção desses grupos sociais.
Seminário
Segundo, a coordenadora política-pedagógica do Instituto de Agroecologia Latino Americano Amazônico (Iala), Ayala Lindabeth, a proposta da atividade é fortalecer as alianças entre os movimentos sociais e intelectuais que fazem as disputas territoriais, as formas de resistência e as experiências agroecológicas da Amazônia e construir um projeto hegemônico e emancipatórios dos camponeses.
Durante o Seminário também será realizado o encerramento do curso de especialização em “educação do campo, Agroecologia e questão agrária na Amazônia”, em que os educandos irão apresentar os resultados dos trabalhos finais de pesquisa em grupos temáticos de discussões. O curso é uma parceria entre a Via Campesina, a Universidade Federal do Pará (campus de Marabá) e o Iala.